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Foto do escritorRoberto Mancuzo

A pandemia de ignorantes

O mundo está cheio de gente ignorante! Dio santo!  Das várias contas que quero prestar depois que a pandemia sumir do mapa, uma delas é saber a razão porque uma vez isolados socialmente fomos expostos nas redes sociais a uma infestação de gente burra, caótica, ignorante, atrapalhada e sem rumo. Caricatos de uma sociedade doente da cabeça mesmo. Que mal fizemos para ler, ver e ouvir tanta bobagem? Anote aí: a vacina da Covid-19 vai imunizar o ser humano, mas não o libertará do esgoto podre em que se meteu ao usar as redes sociais de forma tão burra e sem sentido ideológico algum.


A burrice que se espalha nas redes

O escritor e semiólogo italiano, Umberto Eco, morto em 2016, conseguiu, ainda que no final da vida, fazer várias reflexões sobre a influência e presença da internet em nossas vidas. Talvez a mais famosa seja a afirmação de que as redes sociais deram voz a uma legião imensa de imbecis, o que concordo muito, mas ressalto que gosto mais de outro pensamento. Para Eco, a internet é perigosíssima para os ignorantes porque não oferece nenhum filtro. Ou seja, idiotas de toda sorte estão expostos às mais variadas besteiras, bobagens e desgraças e não só consomem, como também espalham.  Eu não sou um santo e nem me considero um ser acima da média nas redes sociais. Tenho a capacidade idiota de dar risadas com inúmeras tranqueiras que me chegam pelos grupos de WhatsApp, na rede TikTok e por alguns perfis no Instagram. Mas eu sei também que em algum momento, a minha sólida base de educação, seja ela de casa ou acadêmica, termina sempre por me proteger. Em outras palavras, tenho limites educacionais e tenho a felicidade de usá-los, para o bem de todos que estão ao meu lado.  Dó de quem está sempre sujeito ao tio do pavê/pacumê, do primo nazista, do cunhado homofóbico e da tia racista. Este grupo, nos leva ao outro lado do esgoto das redes sociais.


A ideologia de quem não sabe o que é ideologia

Martin Luther King tinha um sonho e eu tenho o meu: “Por um mundo em que as pessoas saibam o significado dos termos que usam na internet”. A minha primeira impressão, e ela é quase 100% certeira, é que os idiotas de plantão nas redes sociais não fazem a menor ideia do que significam realmente termos como liberalismo, neoliberalismo, capitalismo, comunismo, socialismo, globalização, mundialização, cotas, fronteira agrícola, agronegócio, esquerda e direita, centrão e por aí vai. Nunca estudaram e se orgulham e dizer que não gostam!  O cabra tem uma SUV de R$ 49 mil na garagem e acha que o comunismo vai acabar com sua vida. O outro prega que as empresas são todas do mal e quem toca mesmo a economia são “as vidas humanas proletárias”.  Como não sabem o que dizem, passam vergonha com cada frase de efeito que postam. Copiam textos de um algum lugar ou refazem comentários de programas de TV ou de rádio. Aqueles mesmos que um dia ousaram dizer que fazem “jornalismo com opinião”.  Acredite, meu bom: só ouvir um programa no final de tarde, ter arrepios de prazer porque dizem o que você quer ouvir, não o coloca em uma condição de enfiar goela abaixo dos outros um pseudoconhecimento. Da mesma forma, ler um blog socialista e isso colar direitinho com os seus neurônios que lutam por justiça social não lhe dá o direito de pregar por algo que não conhece. Tudo isso compõe o caldo de ignorâncias ideológicas que borbulha nas redes sociais, só aumenta a vergonha alheia, e não contribui em nada para um debate saudável e uma sociedade que mais do que se livrar de um vírus quer mesmo ser equilibrada.

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