Caro eleitor, prepare-se porque a partir de 26 de setembro, quando começar de vez a campanha eleitoral para prefeito e vereador, seu cérebro vai novamente perguntar onde ouviu aquela promessa mole ou viu aquela imagem tosca. Pode me cobrar se as cenas a seguir não se concretizarem:
Cena 1 – O rolê no bairro
Vai ser numa S-10 meio surrada, com caixas de som e um monte de assessor pendurado na carroceria. E o cara vai se segurar para passar pelas ruas esburacadas ou cheias de valeta para água da chuva. Correndo ao lado, estarão mais assessores, fotógrafos e crianças pedindo bala ou dinheiro. O que vier é lucro.
Cena 2 – O pastel clássico
E de repente o candidato está no meio do calçadão e como num passe de mágica vai cair na mão dele um belo pastel de vento e um café frio no copo americano. E ele vai degustar como se fosse um manjar. Não sem antes sorrir e dizer que “cresceu comendo pastel”.
Cena 3 – Os papagaios de pirata
Candidato na rua sempre chama atenção porque vai um circo junto com ele, mas pode prestar atenção que os “papagaios de pirata” são sempre os mesmos: uma mulher (que não se sabe se é a esposa ou não), os assessores do partido e alguém das “minorias” para falar que ele “apoia a causa”.
Cena 4 – A criança glorificada
Toda criança sabe que se quiser ser elevada aos céus, em glória e louvor, é só chegar perto de um candidato em campanha. Ele não sabe de quem é a criança, mas depois de levantá-la para as câmeras, entrega para o primeiro dos assessores ao lado, que repassa para o outro e assim sucessivamente até, com sorte, acharem o pai ou a mãe.
Cena 5 – A vovó e o vovô
Quase todo idoso se concentra nas ruas do centro e eles aguardam ansiosamente pela visita do candidato. O encontro tem de tudo: de promessas a beijo na mão. A senhorinha explica que precisa de remédio para o neto hiperativo e o senhor diz que não se faz mais políticos como antigamente. E o candidato sorri, mas não promete nada porque tem certeza de que idoso dá pouco voto.
Cena 6– Discurso vazio
Sempre que tiver uma chance, o candidato vai repetir discursos vazios, que deixam o eleitor bem no vácuo mesmo. São aqueles bordões insuportáveis como “Pela educação, saúde e trabalho”. Ou seja, na verdade não tem um plano mais específico. Ou então aquele lance de “Vote em alguém que está preocupado com você”. Há décadas que a gente cai nesta conversa e nunca ninguém soube muito bem como resolver as tretas que existem por aí.
Cena 7 – Big Brother
Eles estarão lá em horário nobre de TV e rádio ou nas plataformas digitais. Não se preocupe em procurá-los porque os candidatos vão te achar. E daí, dá-lhe foto mal feita, imagem escura e de baixo pra cima, discurso decorado ou lido mal e porcamente para câmera, roupa de palhaço, linguagem “raiz” do tipo “nóis vai fazer” e maquiagem com base fora do tom, tipo conde Drácula com anemia.
OBS: Algumas dessas cenas podem sofrer alterações por causa da pandemia de Covid-19, mas serão mínimas e talvez você nem note porque estará preocupado demais em tentar descobrir qual é aquele candidato que está atrás da máscara.
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