Roberto Mancuzo
22 de set de 20202 min
Caro eleitor, prepare-se porque a partir de 26 de setembro, quando começar de vez a campanha eleitoral para prefeito e vereador, seu cérebro vai novamente perguntar onde ouviu aquela promessa mole ou viu aquela imagem tosca.
Pode me cobrar se as cenas a seguir não se concretizarem:
Vai ser numa S-10 meio surrada, com caixas de som e um monte de assessor pendurado na carroceria. E o cara vai se segurar para passar pelas ruas esburacadas ou cheias de valeta para água da chuva. Correndo ao lado, estarão mais assessores, fotógrafos e crianças pedindo bala ou dinheiro. O que vier é lucro.
E de repente o candidato está no meio do calçadão e como num passe de mágica vai cair na mão dele um belo pastel de vento e um café frio no copo americano. E ele vai degustar como se fosse um manjar. Não sem antes sorrir e dizer que “cresceu comendo pastel”.
Candidato na rua sempre chama atenção porque vai um circo junto com ele, mas pode prestar atenção que os “papagaios de pirata” são sempre os mesmos: uma mulher (que não se sabe se é a esposa ou não), os assessores do partido e alguém das “minorias” para falar que ele “apoia a causa”.
Toda criança sabe que se quiser ser elevada aos céus, em glória e louvor, é só chegar perto de um candidato em campanha. Ele não sabe de quem é a criança, mas depois de levantá-la para as câmeras, entrega para o primeiro dos assessores ao lado, que repassa para o outro e assim sucessivamente até, com sorte, acharem o pai ou a mãe.
Quase todo idoso se concentra nas ruas do centro e eles aguardam ansiosamente pela visita do candidato. O encontro tem de tudo: de promessas a beijo na mão. A senhorinha explica que precisa de remédio para o neto hiperativo e o senhor diz que não se faz mais políticos como antigamente. E o candidato sorri, mas não promete nada porque tem certeza de que idoso dá pouco voto.
Sempre que tiver uma chance, o candidato vai repetir discursos vazios, que deixam o eleitor bem no vácuo mesmo. São aqueles bordões insuportáveis como “Pela educação, saúde e trabalho”. Ou seja, na verdade não tem um plano mais específico. Ou então aquele lance de “Vote em alguém que está preocupado com você”. Há décadas que a gente cai nesta conversa e nunca ninguém soube muito bem como resolver as tretas que existem por aí.
Eles estarão lá em horário nobre de TV e rádio ou nas plataformas digitais. Não se preocupe em procurá-los porque os candidatos vão te achar. E daí, dá-lhe foto mal feita, imagem escura e de baixo pra cima, discurso decorado ou lido mal e porcamente para câmera, roupa de palhaço, linguagem “raiz” do tipo “nóis vai fazer” e maquiagem com base fora do tom, tipo conde Drácula com anemia.
OBS: Algumas dessas cenas podem sofrer alterações por causa da pandemia de Covid-19, mas serão mínimas e talvez você nem note porque estará preocupado demais em tentar descobrir qual é aquele candidato que está atrás da máscara.